Cristina Branco vernieuwt de fado beetje bij beetje en verrijkt haar muziek telkens met flarden jazz, pop en andere wereldklanken. Op haar nieuwste album 'Fado Tango' (2011) verbindt zij de hartenkreet van de fado aan de trots van de tango via liedjes van Jacques Brel, Carlos Gardel en Isolina Carrillio.
11 oct. Paradiso, Amsterdam
12 oct. Muziekgebouw Frits Philips, Eindhoven
19 oct. MC Vredenburg, Leidsche Rijn
Informatie: http://www.melomusic.nl/agenda
Zang: Cristina Branco. Piano en accordion: Ricardo Dias. Portuguese gitaar: Bernardo Couto. Akoestische gitaar: Carlos Manuel Proença. Contrabass: Bernardo Moreira
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e tudo o resto é fado:
Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.
Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.
Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.
Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.
António Gedeão
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